terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Ninguém mais tá aguentando essa lenga lenga do PSDB. Se até os amigos estão assim...




Do excelente Cidadania.com

Talvez por solidariedade humana, por não apreciar ver a degradação de ser humano nenhum, chego a me condoer pela situação patética em que o ex-presidente FHC se viu de domingo para cá, só que por obra e graça de si mesmo, que, vaidoso, tinha que escrever aquele artigo no jornal (?) em que tem espaço cativo juntamente com boa parte de seu ministério.
Aliás, esse é um capítulo à parte. O governo FHC, do qual Serra e o PSDB fogem como o diabo foge da cruz apesar de um ser o outro e de o outro ser um, escreve várias vezes por semana no Estadão. O próprio FHC, Pedro Malan, Paulo Renato, Celso Lafer, Gustavo Franco etc. É o jornal do PSDB mais assumido, o que lhe confere o mérito de uma coragem que falta uma Folha de São Paulo, por exemplo.
Na inauguração de biblioteca pública instalada no ex-presídio do Carandiru, na capital paulista, FHC chegou e saiu antes de Serra, o qual, por sua vez, ficou mudo vendo o embate entre seu ex-chefe direto no período 1995-2002 e a ministra Dilma Rousseff, esquivando-se de apoiar e defender o governo que integrou como um dos mais importantes e influentes membros.
O mesmo se diz do PSDB como um todo. Onde estão as notas oficiais de Sergio Gerra, presidente do PSDB, a defender o governo de seu partido contra o governo do partido de Dilma?
O partido de FHC e seu candidato a candidato à Presidência estão bem escondidos porque em dezembro passado uma pesquisa CNT-Sensus revelou que 76% dos brasileiros dizem que o governo Lula é melhor do que o de FHC, que só teve a preferência de 10% dos pesquisados, o que constitui prova de que o governo federal tucano foi desastroso a ponto de provocar hesitação de seus membros e entusiastas de defendê-lo publicamente.
Até a grande mídia, velha tucana de quatro costados, já sofre defecções como a da Folha de São Paulo, que publica hoje análise que reproduzo a seguir, onde admite tudo o que venho escrevendo há anos. O texto, aliás, ainda revela que certos comentaristas deste blog tentam ser mais realistas do que o rei, ou seja, mais tucanos do que a mídia tucana, do que o PSDB e do que seu pretenso candidato a presidente.
Vale a pena ler a matéria. É a primeira admissão real de um setor da grande mídia de que o governo FHC teve mais erros do que acertos. Ei-la, pois.



FOLHA DE SÃO PAULO
 9 de fevereiro de 2010
ANÁLISE
FHC cita méritos e omite erros
Tucano propõe comparação bizantina entre o seu programa de obras e o PAC 
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA 
Não é difícil, para FHC, listar corretamente méritos de seu governo negados pela retórica palanqueira de Lula. Mais complicado é revisitar o período sem provocar a lembrança de erros e deficiências, também reais, que contribuíram para afastar os tucanos do Planalto.
"Sem medo do passado" é o título do artigo que o ex-presidente escreveu em defesa de seus dois mandatos. Se não há mesmo medo, as entrelinhas deixam transparecer que persiste, pelo menos, desconforto. Omissões e meias verdades contrastam com a defesa, alardeada no texto, de uma "política mais consciente e benéfica para todos".
Em exatas 998 palavras e cifras que descem a minúcias, não há uma única menção, no exemplo mais flagrante, ao crescimento econômico -goste-se ou não, o indicador mais universalmente utilizado para mensurar o sucesso das administrações nacionais.
No mais perto que chega do tema, FHC propõe uma comparação bizantina entre o seu programa de obras Avança Brasil e o PAC petista, ambos conhecidos pela discrepância entre metas e realizações. E, claro, sem falar na crise de abastecimento de energia elétrica.
A renda nacional cresceu à média de 2,2% ao ano sob FHC e deve encerrar o período lulista com taxa anual de 3,7%, se confirmadas as expectativas dos analistas. Mais importante politicamente, o primeiro começou seu governo com expansão acelerada e terminou em estagnação, enquanto o segundo obteve o resultado inverso.
Nos últimos anos, os tucanos, com boa dose de razão, vinham atribuindo a vantagem de Lula à sorte de governar em um período de rara prosperidade internacional, livre das turbulências financeiras da década passada. Essa argumentação perdeu charme, no entanto, com o colapso global do final de 2008, do qual o Brasil saiu com perspectivas de rápida recuperação.
No artigo do ex-presidente, a única razão apresentada para a crise herdada por Lula é o temor provocado nos credores e investidores "por anos de "bravata" do PT e dele próprio" -nada se diz sobre a escalada das dívidas interna e externa nos anos anteriores, consequência de políticas do primeiro mandato tucano, corrigidas tardiamente no segundo.
Dólar barato e gasto público sem amarras sustentaram a popularidade inicial de FHC e garantiram sua reeleição no primeiro turno, mas levaram o endividamento público de menos de 30% para quase 50% do Produto Interno Bruto.
Câmbio e superávit
As medidas de ajuste adotadas a partir de 1999 -câmbio flutuante e metas de superavit fiscal- foram mantidas pelos petistas, como gostam de lembrar os tucanos. Mas tampouco o crédito, nesse caso, cabe à gestão FHC: tratou-se de uma imposição do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Não por acaso, os indicadores mais palpáveis de melhora social do texto do ex-presidente estão circunscritos a seu primeiro governo. É o caso da queda aguda da pobreza, do aumento do rendimento médio mensal dos trabalhadores, do reajuste mais generoso do salário mínimo.
O artigo dribla o inconveniente com saltos nas datas. Recorda-se, por exemplo, que, "com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total" e depois menciona-se a taxa de 18% registrada em 2007, já sob o governo Lula. Não se menciona que, após a queda brusca do primeiro ano, a pobreza permaneceu nos mesmos patamares no restante do governo tucano.
Iniciativas celebradas do segundo mandato geraram mais frutos sociais, econômicos e políticos para Lula que para FHC. Além das correções da política econômica, o exemplo clássico é a criação do Bolsa Escola, depois ampliado e rebatizado como Bolsa Família

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