quarta-feira, 29 de julho de 2009


Clique aqui para assistir o documentário da BBC sobre como a Rede Globo se tornou PIG, de 1993, proibido desde sua estréia.
Vale a pena rever!

terça-feira, 28 de julho de 2009

O Minhoca News já havia alertado para a hipocrisia em rede nacional. Saiba como a Globo se tornou PIG.

crédito da foto: clique aqui

Programa do Jô: a Globo, a pizza e a marmelada

No Programa do Jô da Rede Globo de Televisão — também transmitido simultaneamente pela rede CBN de rádio — da quarta-feira (22 de Julho), o apresentador e suas “meninas” protagonizaram mais um espetáculo circense. Jô Soares e suas blue caps falaram de comilança a energia nuclear com uma desenvoltura em cada assunto que deixaria os especialistas no chinelo.
Por Osvaldo Bertolino, no blog O Outro Lado da Notícia
A sapiência dessas criaturas sobre física, gastronomia, CPI, Petrobras, Senado Federal, escuta telefônica, macroeconomia, saúde pública e, principalmente, imprensa faz crer que elas foram produzidas em algum laboratório. Como sabemos que não é nada disso, só podemos concluir que o programa é um palanque cuidadosamente pensado para jogar lama no ventilador. O caso mais escabroso foi a forma como elas trataram a escuta telefônica envolvendo a família do presidente do Senado, senador José Sarney (PMDB-AP). Em todo o programa o assunto foi ilustrado com alusões à pizza — querendo dizer que o governo estava agindo para deixar na impunidade tanto Sarney quanto a Petrobras. Antes de tudo, a lógica manda perguntar: Quem vazou a gravação para a mídia? Quem pagou pelo vazamento? E quem recebeu a propina? Isso não é corrupção?

Valores a serem preservados

Mas vamos ao mérito da questão — como dizem os advogados. O desmascaramento da farsesca tentativa de cassar o mandato do senador — tramada pela mídia em conluio com os Irmãos Metralhas, Manchas Negras e Superpatetas, acompanhados de supostos inocentes úteis — começa pela constatação de que os “investigadores”, em sua maioria, são os mesmos que se aproveitam da correção que permeia os comportamentos individuais na base da sociedade para se beneficiar de práticas corruptas. O que eles querem, mesmo, como raposas felpudas que são, é encontrar a chave do galinheiro.

No pico da nossa pirâmide social, a corrupção é reconhecida como modo natural de agir, é tolerada e praticada por quase todos. Atos considerados escusos entre o povo podem ser entendidos na elite como valores a serem preservados. Borrões éticos que por aqui soam inaceitáveis lá em cima podem ser compreendidos como elementos da tradição cultural daquelas parcelas da sociedade fundadas no colonialismo, que fazem da corrupção um dos fios constituintes do tecido social.

Charles Darwin leu Adam Smith

O “pecado” de Sarney é o apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Só não vê isso quem está munido de viseiras dogmáticas. As acusações que pesam contra ele — que devem ser investigadas por quem de direito, não por esses vigaristas da mídia — são café pequeno perto do que sabe de muita gente da laia da Globo. O problema é que ele tem a ousadia de apoiar um governo que manifesta simpatia por um Brasil imenso e oposto ao Brasil que se imagina mais capaz, mais limpo, gente melhor do que os seres considerados primitivos por serem descendentes de negros e índios.
Seria apaixonante enveredar aqui por uma discussão sobre a moralidade dos povos. Mas os tempos são curtos e basta lembrar, a bem da convicção evolucionista, que Charles Darwin leu Adam Smith e não o contrário — como querem fazer crer os liberais de hoje. Ou seja: o liberalismo não é o fim da história. A rigor, por estar historicamente superado, ele se transformou num terreno fértil para a corrupção. A moralidade se submete aos processos seletivos de variação, adaptação e competição em busca da sobrevivência dos grupos sociais.

Udenista Carlos Lacerda redivivo

Daí a contramarcha histórica da direita, que existe unicamente para preservar seus privilégios, por meio de conchavos entre os agentes que sustentam o satus quo. Se não basta a violência como elemento político, modalidade em que a direita brasileira se destaca historicamente — é só observar a lista de golpes e tentativas de golpes de Estado —, há a constatação ao alcance de todos de que, em matéria de corrupção, os udenistas/dem-tucanos têm muito conhecimento de causa. O rigor moral certamente levaria o país para um severo acerto de contas entre classes sociais.

Mas nada disso conta para Jô Soares e suas “meninas”. O negócio deles é se sentirem um Carlos Lacerda redivivo — aquele histriônico jornalista udenista anti-Getúlio, anti-JK e anti-Jango. Contam com a impunidade para cometer desatinos. E apostam no poder fascista do grupo gigantesco a que pertencem para passar incólumes diante das mentiras que pregam. Trata-se de um grupo especializado em marmeladas.

Métodos abertamente gangsteristas

Até a mais desinformada telespectadora da novela das 8 está cansada de saber que a Globo é o maior grupo empresarial brasileiro do ramo de comunicações. Também não é segredo para ninguém que a Rede Globo de Televisão figura entre as quatro maiores do mundo, atrás somente das norte-americanas ABC, NBC e CBS. Tampouco chega a ser novidade que seus donos, os Marinho, são uma das famílias mais ricas do planeta. O que pouca gente conhece são os números precisos desse grupo de empresas iniciado em 1925, com a fundação do jornal O Globo no Rio de Janeiro. A falta de um balanço consolidado, a convivência de empresas abertas com outras de capital fechado, tudo isso costuma dificultar uma avaliação mais precisa do grupo.

O que se sabe é que o seu controle e participação em cerca de 100 empresas que empregam um contingente de mais de 12 mil funcionários inclui métodos abertamente gangsteristas. Uma das empresas que foi do grupo, a NEC — fabricante de centrais telefônicas, sistemas de telefonia celular, equipamentos de radiotransmissão e fibra óptica —, fundada pelo empresário Mário Garnero em associação com a NEC japonesa, por exemplo, passou às mãos da família Marinho em 1986 por meio de um episódio tenebroso.

Lógica de “segurança nacional”

Garnero alega ter sido obrigado a vender a sua parte na empresa mediante ameaças do então ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães (ACM). A operação custou um milhão de dólares. A mesma empresa foi vendida alguns anos depois por 36 milhões de dólares aos seus donos originais sem que os amigos de ACM investissem um tostão. Em troca, a emissora de ACM (TV Bahia) ganhou a programação da Globo — que havia 18 anos estava nas mãos da TV Aratu, de Salvador. Negociatas deste tipo existem desde que a poderosa rede de televisão nasceu.


A Globo se consolidou pelas mãos da ditadura militar, que escolheu o grupo de Roberto Marinho para difundir a sua política ligada à lógica de ‘’segurança nacional”. Os golpistas precisavam de um canal de televisão oficioso. O Jornal Nacional, o primeiro telejornal transmitido nacionalmente, se caracterizou como o principal programa jornalístico da emissora recém-formada, constituindo um forte espaço para a propaganda oficiosa do regime. A negociata começou em 1961, quando a Globo firmou um contrato principal e um de acordo de assistência técnica com o grupo norte-americano Time-Life.

Contratos da Globo com rasuras

Pelo acordo, a Globo comprou equipamentos a uma taxa de dólar um terço mais baixa do que o valor de mercado em vigor. O grupo Time-Life daria assessoria técnica à emissora. De acordo com o contrato principal, o grupo norte-americano obteria parte dos lucros líquidos da Globo — ou seja, um ato ilegal, já que não podia haver participação estrangeira nos lucros de empresas brasileiras de comunicação.

No contrato de assistência técnica constava a “obrigação” de o grupo Time-Life “colaborar” na elaboração do conteúdo da programação e noticiários — mais uma prática proibida.

Era uma violação do código brasileiro de telecomunicações da época. O acordo sequer foi apreciado pelo Conselho Nacional de Telecomunicações (Contel). Apenas dois anos após a assinatura dos contratos a Globo enviou um deles — o de assistência técnica — para a Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc) — hoje com o nome de Banco Central (BC). Mesmo assim, os documentos não puderam ser lidos porque continham muitas rasuras. O contrato sem rasuras só seria entregue, por ordem do Contel, em julho de 1965.

“Manifesto” denuncia atos da Globo

Novamente para burlar as leis, a Globo, com o escândalo instaurado, trocou o contrato principal por um de arrendamento de um terreno onde se localizava a sede da televisão. Pelo contrato, a Globo seria locatária de um prédio vendido ao grupo Time Life. O problema é que o documento foi feito antes da venda do local aos norte-americanos. Ou seja: a Globo alugou um prédio que era seu. Em troca do uso, a televisão se comprometeu a pagar 45% do lucro líquido da empresa pelo aluguel. Somando aos 5% do lucro liquido, destinado à assessoria técnica, o grupo norte-americano detinha 50% da Globo.

A participação do grupo Time-Life como sócio majoritário num meio de comunicação com concessão pública era uma violação da legislação brasileira. Para impedir qualquer tipo de fiscalização, alguns documentos da transação desapareceram. Depois de muita insistência do Contel, a Câmara dos Deputados, contrariando os militares golpistas, decidiu instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. O assunto ganhou dimensão de escândalo público quando empresários do setor lançaram um ”Manifesto à Nação” denunciando os atos da Globo e a entrada do capital estrangeiro na imprensa brasileira.

CPI condena Globo por unanimidade

Assinaram o documento representantes de O Estado de S. Paulo, da Folha de S.Paulo, do Diário de S. Paulo, de A Gazeta, de A Gazeta Esportiva, do Diário da Noite, do Diário Popular, do Jornal da Tarde, da Última Hora, do Notícias Populares, de A Tribuna, de O Diário de Notícias Alemãs, do Sindicato dos Proprietários de Jornais e Revistas do Estado de São Paulo, da Associação das Emissoras de São Paulo e do Sindicato das Empresas de Rádio-Difusão do Estado de São Paulo — além de entidades empresariais do setor no então Estado da Guanabara e até em outros países da América do Sul.

No dia 22 de agosto de 1966, a CPI divulgou a condenação, por unanimidade, da Globo. ”Os contratos firmados entre a TV-Globo e o grupo Time-Life ferem o Artigo 160 da Constituição, porque uma empresa estrangeira não pode participar da orientação intelectual e administrativa de sociedade concessionária de canal de televisão; por isso, sugere-se ao Poder Executivo aplicar à empresa faltosa a punição legal pela infrigência daquele dispositivo constitucional”, dizia o parecer do relator, deputado Djalma Marinho, que pertencia à Arena, o partido que sustentava a ditadura militar.

Ditadura dá passe livre para a Globo

O primeiro presidente do ciclo militar, Humberto Castelo Branco, pedira que o caso fosse investigado. Mas seu sucessor, Artur da Costa e Silva, decidiu não acatar a decisão da CPI e apoiar oficialmente a Globo. Em 1969, o grupo Time-Life desistiu dos contratos. A emissora de televisão da família Marinho, no entanto, já era um poderoso meio de comunicação — posição conquistada por meio de linhas de créditos abertas pela então estatal Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel).

“Sinto-me feliz todas as noites quando assisto ao noticiário, porque na Globo o mundo está um caos, mas o Brasil está em paz”, disse certa vez o terceiro general no poder, Emílio Garrastazu Médici. Desde então, a Globo ganhou passe livre para agir à vontade — sem respeitar os limites do que se pode chamar de convivência democrática. Eis as vísceras desse gigante que tenta empurrar a sua “democracia” e a sua “ética” goela abaixo dos brasileiros por meio de gente inescrupulosa como Jô Soares e suas “meninas”.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Jornalistas e estudantes unidos podem reverter a derrubada da exigência do diploma


De todas as opiniões sobre o assunto, a do Laurindo Lalo da Agência Carta Maior é a mais coerente, é um pouco longa, mas esclarecedora.

O Supremo errou, cabe consertar

Os ministros que votaram contra a exigência do diploma, sob a alegação de cerceamento da liberdade, erraram. Seguiram um relator subserviente à grande mídia, certo de que esta retribuiria o favor, o que aliás já vem acontecendo. Mostraram em seus votos desconhecer a matéria em julgamento.

O Supremo Tribunal Federal cometeu um grave erro ao acabar com a exigência do diploma para o exercício profissional do jornalismo. Como guardião da Constituição brasileira, o STF entendeu que uma de suas cláusulas – a que garante a livre manifestação de pensamento – estaria sendo violada pela lei que regulamentou a profissão de jornalista.

Os ministros que votaram contra a exigência do diploma, sob a alegação de cerceamento da liberdade, erraram. Seguiram um relator subserviente à grande mídia, certo de que esta retribuiria o seu favor, o que aliás já vem acontecendo. Mostraram em seus votos desconhecer a matéria em julgamento. Nunca houve, nos mais de quarenta anos de vigência da lei, qualquer violação da liberdade que tivesse sido decorrente de sua aplicação. Houve sim censura prévia durante a ditadura e censura empresarial depois dela, fatos sem nenhuma relação com a exigência do diploma.

Os nobres julgadores parecem não ler jornais, ouvir rádio ou ver televisão. Neles, todos os dias opinam profissionais de todas as áreas sem nenhum obstáculo. Portanto, a exigência do diploma não fere a Constituição e esta deveria ser a singela resposta do Supremo aos autores da ação, não por acaso entidades patronais do setor.

O que a lei derrubada garantia era a o exercício legalizado de uma profissão cujo conhecimento acumulado ao longo dos anos não pode ser transmitido senão de forma sistematizada, como se faz na academia. Foi-se o tempo em que jornalismo se aprendia nas redações. Hoje esse ensinamento é fruto da pesquisa científica desenvolvida numa área específica do conhecimento e que se transmite nas salas de aulas e nos laboratórios.

Gostaria de saber se alguns dos juizes que votaram contra o diploma – e que escrevem nos jornais com absoluta liberdade – sabem como se define e se produz uma pauta jornalística, como se apuram as informações e como se faz a edição de uma reportagem, por exemplo? Ou ainda quais são as diferenças entre um texto escrito para ser lido nos jornais, na internet ou para ser ouvido através do rádio. E como escrever para a TV combinando com precisão texto e imagem? Isso não tem nada a ver com liberdade de informação. É conhecimento especializado que sociólogos, advogados e médicos não aprendem em suas faculdades. Só os jornalistas.

E o mais importante: gostaria de saber se esses doutos juizes se debruçaram sobre o currículo teórico dos cursos de comunicação, base fundamental para o trabalho prático acima descrito. Não há hoje jornalista formado que não tenha tido contato com as diferentes correntes teóricas da comunicação, estudadas e discutidas nas faculdades.

São essas leituras que permitem aos futuros jornalistas compreender melhor o funcionamento da mídia, as suas relações com os diferentes poderes, os seus interesses muitas vezes subalternos. É nas faculdades que se formam jornalistas críticos, não apenas da sociedade, mas principalmente da mídia, capazes de saber com clareza onde estarão pisando quando se formarem. É tudo que os donos dos meios não querem.

A luta deles pelo fim do diploma resume-se a dois objetivos: destruir a regulamentação da categoria aviltando ainda mais os salários e as condições de trabalho e, ao mesmo tempo, evitar a presença em suas redações de jornalistas que possam, ainda que minimamente, contestar – com conhecimento de causa - o poder por eles exercido sem controle. Querem escolher a dedo pessoas dóceis e subservientes e transformá-las nos “seus” jornalistas.

Transfere-se dessa forma da esfera pública para o setor privado a decisão de definir quem pode ou não ser jornalista. As universidades públicas quando outorgam um diploma de um dos seus cursos ou quando reconhecem a legitimidade do diploma fornecido por instituição privada exercem a prerrogativa de possuírem fé pública. O diploma de jornalismo era, portanto, referendado pelo Estado em nome da sociedade, dando a ele a sustentação necessária para o exercício de uma profissão regulamentada desde 1938. Agora é o mercado que decide.

Outro argumento ridículo usados pelos juízes do Supremo é que o diploma era um entulho autoritário produzido pela ditadura militar. Bastava uma breve consulta aos anais de todos os encontros e congressos de jornalistas para perceber que tal afirmação é insustentável. Em 1918, quarenta e seis anos antes de se instalar a ditadura de 64, os jornalistas reunidos em Congresso no Rio de Janeiro já defendiam a formação específica em jornalismo para o exercício da profissão. E seguiram lutando por essa bandeira e pela regulamentação profissional.

Em 1961, o presidente Jânio Quadros publicou decreto regulamentando a profissão. A partir dai o seu exercício ficou restrito aos portadores de diploma específico de nível superior. Como agora, as empresas jornalísticas se mobilizaram e conseguiram, um ano depois, a revogação do decreto pelo presidente João Goulart. Mas em compensação foi criada uma comissão para dar nova forma à legislação. O resultado foi a volta da exigência da formação superior, embora admitindo o autodidata e o reconhecimento de jornalistas sem diploma nas cidades onde não haviam faculdades de jornalismo. O decreto-lei de 1969 apenas acabou com o autodidatismo, mas permitiu a existência do jornalista provisionado, aquele que já exercia a profissão antes da promulgação da lei.

Foi graças à mobilização e à pressão da categoria que, depois de mais de 50 anos de luta conquistou-se a exigência do diploma, nos termos previstos desde de o final da primeira década do século 20.

E os juízes de 2009 ainda tiveram a coragem de aceitar a tese de que foi a ditadura que exigiu o diploma para impedir contestações nos jornais. Como se os jornalistas pudessem escrever o que quisessem sem a anuência dos patrões, como se na época não houvesse censura policial e como se todos os possíveis contestadores do regime não estivessem aquela altura mortos, exilados, sendo torturados ou simplesmente calados pela força da intimidação.

Voltamos agora à pré-história do jornalismo brasileiro quando os donos de jornais davam “carteiras de jornalistas” para os empregados e diziam: “agora você já é jornalista, pode ir buscar o salário lá fora”. Se o “jornalista” tivesse algum pudor iria ganhar seu dinheiro em outra profissão trabalhando no jornal por diletantismo. Se não tivesse iria usar do seu espaço para ameaçar pessoas, em troca de remuneração. Era o chamado achaque que, obviamente não era generalizado mas que constrangia os jornalistas idôneos.

A obrigatoriedade do diploma foi responsável pela moralização da profissão. Além disso, estimulou os diplomados a refletirem sistematicamente sobre o seu trabalho. Será que os nobres juizes do Supremo ouviram falar alguma vez na riquíssima experiência de pesquisa, necessária ao trabalho de conclusão de curso, condição para se obter o grau superior de jornalismo? Acredito que não. E não sabem também como, ao ingressar na profissão com o diploma, o jornalista tem olhos mais atentos para recolher na prática profissional os elementos necessários para a realização de novas pesquisas acadêmicas.

São inúmeros os jornalistas que depois de alguns anos de vida profissional voltam à academia ingressando em programas de mestrado ou doutorado. Carreiras acadêmicas serão destruídas. E com isso vai se iniciar um processo de destruição de uma área do conhecimento que vinha se consolidando nos últimos anos graças ao investimento dos órgãos de fomento à pesquisa e das universidades. A exigência do diploma é vital para manter viva a relação entre o trabalho e a pesquisa.

Como se vê, além de errarem, os juizes do Supremo foram irresponsáveis por não mediram as conseqüências da decisão tomada.

Mas há conserto. Tramitam no Congresso duas propostas de emenda constitucional determinando a volta da exigência do diploma de nível superior para o exercício da profissão. Não é fácil aprová-las dadas as exigências regimentais. Na Câmara, por exemplo, precisam do voto favorável de três quintos dos deputados (308 entre 513) e no Senado de 49 dos 81 senadores. Votos que só serão conseguidos com a mobilização ampla da categoria e dos estudantes, o que aliás já vem ocorrendo em todo o Brasil. Resta agora intensificar essa luta que já se mostrou vitoriosa em outros momentos de nossa história.

Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

sexta-feira, 17 de julho de 2009

HIPOCRISIA EM REDE NACIONAL


Olha gente, quando penso que já vi tudo de mais idiota na Rede Globo, não é que eles se superam!
Dia 15 no programa do Jô fiquei estarrecida com a falta de vergonha na cara das tais “meninas do Jô”. Um time de seguidoras da urubóloga de plantão Mirian Pig Leitão (Lúcia Hippólito, Cristiana Lobo, Ana Maria Tahan e Flávia Oliveira) que a gente até já sabe do que são capazes, mas o que mais me deixa de cara é a Lillian Witte Fibe, que era por mim considera, até aquele dia.
O ápice do besteirol foi quando foi mostrada a foto do Presidente Lula na inauguração de obras do PAC em Alagoas, cumprimentando o agora Senador pelo estado Fernando Collor.
Veja aqui o show de horrores
O mais ridículo foi o comentário da senhora Ana Maria Tahan (jornalista que chamou o Governo Lula de República da Cachaça), explicando para a platéia de universitário do Jô (o que lhe restou), que não eram nem nascidos em 89, o que o Collor tinha feito naquela suja campanha contra seu adversário, o hoje Presidente Lula. O que ela não esclareceu é que a Globo criou o mostro, deu espaço, editou os debates e mostrou no JN, num dos piores momentos da história do jornalismo no Brasil.
A nós resta nunca deixar que esse episódio seja esquecido. E olho no PIG, você vai se surpreender!!!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

CPI Petrobrás = Serra 2010


Manifesto

Publicado no bolg Cidadania.com

Carta a José Serra

Senhor governador,

A presente tem a finalidade de apelar ao seu bom senso, que acredito que ainda resista, em alguma medida, em sua mente intoxicada por ambições políticas desmedidas, antidemocráticas e autoritárias.

A CPI da Petrobrás foi instalada, como o senhor queria. Aliás, ainda bem. Quanto antes começar – e terminar –, menos os brasileiros perderão. Afinal, devido aos seus interesses político-eleitorais, senhor Serra, a maior empresa brasileira, respeitada internacionalmente, auditada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Controladoria Geral da União (CGU), pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela Securities and Exchange Commission (SEC), dos Estados Unidos, perdeu, nos últimos dois meses, 5% de seu valor na Bovespa.

Mas não é só esse o prejuízo que o povo brasileiro está amargando para o senhor tentar aumentar suas chances eleitorais no ano que vem. A CPI está postergando a definição do marco regulatório da exploração do pré-sal, que, aliás, é um dos cavalos-de-batalha dos senhores privatistas tucanos, os quais, a serviço de interesses corporativos na riqueza imensa que jaz no litoral sudeste do país, esperam que o show que estão dando no Congresso dificulte que esse marco regulatório defina um modelo de exploração de tal riqueza que contemple o conjunto da sociedade em vez dos grupelhos de sempre.

Nem lhe peço que segure seus cachorros loucos na mídia, governador. Na verdade, começo a achar que eles, ao praticarem tudo o que praticam a seu mando, acabam mostrando ao país quem é o senhor, haja vista em que as pesquisas de opinião mostram que, quanto mais o senhor manda latirem acusações ao presidente Lula e à ministra Dilma Roussef, mais populares eles se tornam. Peço apenas, portanto, que o senhor reflita sobre o caso específico da Petrobrás.

Sua “estratégia”, governador, pode se converter num tiro em seu pé. Ao fim da CPI, que terminará como todas as outras nos últimos seis anos, o que restará será o prejuízo causado à maior e mais conceituada empresa brasileira. Aí, porém, tenha certeza de que os responsáveis serão apontados, em plena campanha eleitoral, como os sabotadores do país que são.

É óbvio, senhor Serra, que não estou preocupado com o fato de o senhor estar praticando tiro ao alvo no próprio pé. Por mim, pode despedaçá-lo a tiros que acharei ótimo. Contudo, o problema é que o senhor atira em seu pé e seremos nós, o povo, que pagaremos a conta de sua auto-mutilação.

Depois de o senhor mandar sua tropa de choque no Congresso praticar esse atentado contra o país, sei que não dá para retroceder. Mas será tanto melhor se o senhor segurar seus cães midiáticos e parlamentares. Melhor para o senhor, para seus partidários e para o país. Deixe, pois, que a CPI navegue em águas mornas, governador. A cada factóide, sua dívida com o país crescerá. Prefiro que não cresça. Que o senhor seja derrotado só por sua falta de propostas, pois assim o Brasil perderá bem menos.

Faz tempo que tem olho gordo na Petrobrás


Por Paulo Henrique Amorim

Fonte: http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=14064

Agora é que vai começar a batalha de verdade da CPI da Petrobrás.

O pré-sal é a “zona do agrião”, como dizia o João Saldanha.

O pré-sal – que a Petrobrás descobriu no Governo Lula, viu Miriam? – vai fazer do Brasil uma potência do petróleo.

Tipo Rússia, Iraque, Venezuela …

Os tucanos queriam, primeiro, que a Petrobrás ficasse inteira, sem que se criasse uma nova estatal.

Por quê?

Porque era mais fácil vender a Petrobrás inteira, do que duas Petrobrás.

O Zé Pedágio assumia a Presidência e, numa canetada, criava a Petrobrax – uma empresa inteira, única.

E vendia a Petrobrás noutra canetada.

E junto com a Petrobrax iam o pré-sal e todas as reservas estratégicas do Brasil.

Não se perdia tempo com uma nova estatal, só para cuidar do pré-sal.

E para que um “fundo trabalhista”, para acabar com a miséria ?

Nada disso, a ONG da D. Ruth resolve o problema da miséria melhor do que ninguém …

Os tucanos querem vender a Petrobrás no sistema “porteira fechada”, “turn key” – você paga e leva tudo o que está lá dentro.

Fazer o que o Zé Pedágio iria fazer – “iria”, porque nunca será Presidente: vender o Bolsa Família à WalMart, como me disse um político mineiro.

Os tucanos do Senado (como o apoio moral dos DEMOS, esses pilares da moral e da virtude na vida pública (**)) querem concluir a obra do Farol de Alexandria, que achou que tinha quebrado o monopólio da Petrobrás na exploração.

Não conseguiu: a Petrobrás ficou com a parte do leão, porque é competente …

A segunda aspiração dos tucanos é manter no pré-sal o sistema de exploração por “concessão”.

Na concessão, a União concede – dá área ao que vencer a licitação e tem uma parcela dos resultados.

É um regime de exploração em áreas de alto risco.

No pré-sal, a concessão significaria entregar um bilhete premiado a quem recebesse a concessão.

Já se sabe que lá em baixo tem óleo, e muito.

Por isso que o Governo Lula escolheu o regime de “partilha”.

E assim será, daqui em diante, em todas as áreas estratégicas.

O petróleo é da União.

E o Governo explora com um sócio.

E fica com a parte gorda do bilhete premiado.

Para combater a miséria.

Os tucanos (com o apoio sobretudo moral dos DEMOS, esses baluartes da probidade) criaram a CPI da Petrobrás.

Como tentaram impedir que Vargas criasse a Petrobrás.

Os tucanos tiveram apoio decisivo do PiG (***).

Da mesma forma, Assis Chateaubriand, O Globo, Roberto Campos, a UDN, o Estadão – todos eles militaram fervorosamente na campanha para entregar o petróleo brasileiro aos estrangeiros.

Na época, diziam: o Brasil não tem petróleo.

Deixa a Esso explorar.

Hoje, dizem.

O Brasil tem muito petróleo.

Deixa a Exxon explorar.

Essa é uma batalha antiga.

A CPI da Petrobrás é para derrubar o Presidente Lula.

Para desconstruir a Petrobrás.

Para tomar o pré-sal.


LEIA TAMBÉM: Mercadante: PSDB quis CPI quando Lula resolveu mudar regime do pré-sal


(*) Folha é aquele jornal da “ditabranda”, do câncer do Fidel, da ficha falsa da Dilma, de Aécio vice de Serra, e que nos anos militares emprestava os carros de reportagem aos torturadores.

(**) Os DEMOS preservam a castidade especialmente quando ocupam a Secretaria Geral do Senado.

(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

terça-feira, 7 de julho de 2009

Brasil começou a ser levado a sério pelo mundo, diz 'Financial Times'


O Brasil começou a ser levado mais a sério pela comunidade internacional desde o ano passado, afirma o jornal britânicoFinancial Times, nesta terça-feira, em um suplemento especial de quatro páginas dedicado ao País.

"As ambições globais do Brasil frequentemente foram atrapalhadas no passado... Mas a estabilidade de seu sistema bancário e de seus mercados de capitais diante da crise mundial fizeram órgãos reguladores em outros países se interessarem por suas opiniões", diz uma das reportagens do caderno, lembrando que autoridades brasileiras hoje integram organismos como o Fórum de Estabilidade Financeira e a Comissão da Basiléia para Supervisão Bancária, por exemplo.

Ainda segundo o jornal, muitos aspectos da política monetária e fiscal brasileira têm mais em comum com os países desenvolvidos do que com os emergentes. "Isso sem falar na força de suas instituições e na diversidade de sua economia", completa a reportagem.

"Da maneira como as organizações multilaterais mundiais estão se modificando em um ritmo acelerado pela crise global, a posição do Brasil só deve se fortalecer", diz o diário.

O jornal menciona ainda que o episódio em que o presidente americano, Barack Obama, foi flagrado dizendo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que ele "é o cara" significou um "reconhecimento de fato" para os brasileiros.

'Velho Brasil'
Em outra reportagem do mesmo suplemento, intitulada "Driblando a crise econômica", o Financial Times comenta como o governo brasileiro e o setor privado têm enfrentado com certo sucesso a atual crise econômica global.

"Trata-se de uma democracia madura, com uma economia diversificada e uma população jovem e adaptável, fazendo a festa com cada vez mais empregos estáveis e melhores salários", afirma o jornal.

"O Brasil é também uma potência em ascensão nos setores de alimentos e indústria, um futuro grande exportador de petróleo e o quarto mercado do mundo de ações e derivativos."

Mas o diário lembra que existe ainda "um velho Brasil", com "estradas e infra-estrutura dilapidadas, motoristas 'barbeiros', crimes violentos e a aceitação de que a corrupção é algo normal".

"É também um Brasil onde os velhos e maus hábitos perduram e onde os políticos ainda se contentam em empurrar os problemas fiscais com a barriga", diz a reportagem.

O Financial Times destaca, no entanto, que o fato de o Brasil estar saindo da crise mais rápido que o esperado "não significa que não tenha havido estragos, nem que ele esteja imune a novas reviravoltas mundiais".

"Duas nuvens negras ameaçam estragar o cenário ensolarado do Brasil: uma é o perigo de mais problemas trazidos pela crise global; a outra é o risco de este ou de um futuro governo, animado pelo desgosto mundial pelos livres mercados, desvie do caminho da reforma e adote um caminho de mais intervenção estatal na economia."

Mas o jornal acrescenta que o Brasil vem seguindo as mesmas políticas econômicas nos últimos 15 anos, ainda que com governos de diferentes correntes.

Sucessão presidencial
O Financial Times também dedica um artigo à situação política do Brasil, citando a polêmica em torno do senador e ex-presidente José Sarney, e escândalos de corrupção envolvendo deputados no passado.

"É difícil conciliar uma ganância e uma corrupção tão antiquadas com o Brasil moderno que está emergindo no cenário mundial como exemplo de governo de sucesso. Mas esses dois Brasis coexistem", afirma o jornal.

O diário diz, no entanto, que a mentalidade de alguns políticos está mudando, mencionando o fato de alguns governos estaduais e municipais terem buscado ajuda de empresas de consultoria para administrar melhor suas finanças.

Isso, segundo o FT, terá um reflexo nas eleições presidenciais de 2010, em que a habilidade administrativa dos candidatos será levada em conta pelos eleitores.

"Os dois mais prováveis candidatos serão o governador de São Paulo, José Serra, e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Como nenhum deles tem muito carisma e ambos são vistos como 'espinhentos', eles esperam que os eleitores prestem mais atenção nas suas realizações do que na simpatia de seus sorrisos", conclui o jornal.