Esteve hoje no Intersom Debate, opresidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Fernando Siqueira. Defendendo a capacidade da empresa de explorar a camada pré-sal, definitivamente a nossa independência, parece que ele conseguiu esclarecer para alguns comentarista o que realmente está por trás da CPI da Petrobrás.
Para quem não ouviu reproduzo aqui uma conversa ótima entre o Fernando e alguns lobistas traidores:
Fernando Siqueira vs. lobistas das multinacionais do petróleo no dia que o primeiro barril foi tirado da camada pré-sal:
O presidente da Aepet relata a conversa que teve com os representantes do cartel, durante a comemoração do 1º óleo do pré-sal em Tupi
O presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Fernando Siqueira, participou da cerimônia de comemoração do início da produção do Campo Tupi, na camada do pré-sal, realizada no dia 1º de Maio, Dia do Trabalhador, na marina da Glória, Rio de Janeiro. Siqueira considerou o evento muito positivo e sublinhou que o presidente Lula fez boas afirmações sobre a mudança do marco regulatório, isto é, sobre a nova lei do petróleo que substituirá a atual, confeccionada no governo entreguista de Fernando Henrique Cardoso.
Durante o evento, Siqueira conversou com dois dos maiores lobistas das multinacionais petrolíferas no país. As conversas foram bastante ilustrativas a respeito dos interesses das multinacionais, assim como da mentalidade algo pervertida de certo tipo de elemento, nascido por algum acaso no Brasil, mas a serviço do cartel externo do petróleo.
O primeiro desses diálogos foi com João Carlos De Luca, que deixou recentemente o cargo de presidente da Repsol-YPF e é presidente do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis). No momento, De Luca é o principal lobbista das empresas estrangeiras que tentam manter a Lei 9478/97 – a lei do petróleo de Fernando Henrique.
“De Luca veio todo sorridente falar comigo”, contou Fernando Siqueira no site da Aepet. Segue-se a conversa.
FERNANDO SIQUEIRA – Como foi a saída da Repsol?
DE LUCA - Estou criando uma empresa na linha da Schlumberger [multinacional que explora serviços em campos petrolíferos] com alguns sócios estrangeiros e um brasileiro.
SIQUEIRA – Por que não um sócio estrangeiro com alguns sócios brasileiros?
Então, diz Fernando Siqueira, “alfinetei”:
SIQUEIRA – Quer dizer então que o lobby contra a Petrobrás perdeu um grande aliado, ou você continua a comandá-lo?
DE LUCA – (”meio sem graça”) Ainda defendo a manutenção do marco regulatório por achar que é o melhor para o país.
SIQUEIRA – A que país você refere?
“Ele encerrou o papo, já que a comitiva presidencial estava chegando”, relata o presidente da Aepet.
Sobre a cerimônia, Fernando Siqueira também observou que “o presidente Lula mostrou a intenção de criar uma nova estatal ao dizer que ‘a Petrobrás não me obedece. Eu acerto uma coisa com ela e três meses depois vou cobrar, não fez’”. O presidente da Aepet apontou que esse “é o discurso da Dilma, do Lobão e do Lula para justificar a nova estatal”.
Mas, em seguida, aproximou-se de Siqueira o diretor da filial da British Gas Corporation no Brasil, Luiz Carlos Costamilan. Antes de ser diretor da British Gas, Costamilan trabalhou na Petrobrás, onde foi superintendente do Gasoduto Bolívia-Brasil. Em 1999, transplantou-se para a multinacional inglesa, por sinal amplamente privilegiada, em detrimento da Petrobrás, nas operações do Gasoduto Bolívia-Brasil durante todo o governo Fernando Henrique.
COSTAMILAN – Você ainda é contra a exportação de petróleo, ou mudou de ideia?
SIQUEIRA - Eu não mudei de ideia, as condições é que mudaram. Antes o país tinha 14 bilhões de barris de reservas e era absurdo exportar. Agora as reservas estão na ordem de 100 bilhões de barris. Neste caso, não tem como não exportar. O que não pode é continuar o atual marco regulatório, que dá a propriedade do petróleo a quem produzir. Isto é antiestratégico e antieconômico, pois o Brasil não usufrui de um poder de barganha colossal.
COSTAMILAN – Qual é sua proposta?
SIQUEIRA – A proposta da AEPET é mudar o marco regulatório, a começar pelos contratos de concessão que dão a propriedade a quem produzir. Tem que ser contrato de partilha ou serviços.
Costamilan tentou convencer Siqueira de que o contrato de concessão pode ser adaptado para dar a propriedade à União. Siqueira, em resposta, acrescentou: “Disse a ele que não concordava”.
COSTAMILAN – Qual a proposta de vocês para o novo marco regulatório?
SIQUEIRA – A volta da Lei 2004/53, que durante os seus 44 anos de vigência permitiu a autosuficiência, a pesquisa e a descoberta do Pré-Sal.
COSTAMILAN – Assim você espanta os investidores estrangeiros e vai acabar propondo a quebra dos contratos em vigor.
SIQUEIRA – Essa é uma boa proposta. Temos dois argumentos fortes para isto: 1º – a Constituição diz que o direito coletivo prevalece sobre o individual; e 2º a mudança de contrato ocorre quando mudam as condições. No caso do Pré-sal as condições mudaram totalmente, não há mais risco nenhum [das multinacionais não encontrarem petróleo].
“Costamilan resmungou, então, que eu continuo radical”.
SIQUEIRA – Não é radicalismo, é só o fato de eu não ter esquecido que sou brasileiro. Espero que você se lembre disto de vez em quando.
Fonte:http://www.joildo.net